VIDA EXTRATERRESTRE 2012
VIDA EXTRATERRESTRE
Prof. Renato Las
Casas e Divina Mourão (01/11/98)
A ciência acadêmica não acredita em discos voadores, mas
acredita em vida extraterrestre inteligente. Segundo os cientistas, não
existem evidências que amparem a idéia de seres de outros planetas
visitarem a Terra nem de que exista vida inteligente no sistema solar fora
da Terra. As grandes distâncias entre as estrelas e a limitação das
velocidades que os corpos podem adquirir tornam extremamente improváveis
tais visitas.
Nas últimas décadas, porém, têm sido travadas discussões,
constantemente atualizadas, sobre a probabilidade de vida extraterrestre.
Por todo o mundo, milhões de dólares anuais são gastos em pesquisas que
buscam a detecção de sinais emitidos por civilizações inteligentes
extraterrestres.
O grande avanço tecnológico característico de nossa época
pode estar nos levando a passos largos para a detecção desses sinais que,
uma vez captados, confirmando a existência de vida extraterrestre
inteligente, podem vir a alterar significativamente a sociedade humana
atual.
Na nossa galáxia existem centenas de milhões de estrelas
A EQUAÇÃO DE FRANK DRAKE
Em 1961, Frank Drake, astrônomo norte-americano, atual
diretor do Instituto SETI, publicou uma equação que pretende fornecer o
número de civilizações inteligentes e que desenvolveram tecnologia em
nossa galáxia. Essa equação ficou conhecida como equação de Frank Drake.
Sábado próximo, como acontece todo primeiro sábado do mês, o Observatório
Astronômico da UFMG na Serra da Piedade (OAP) estará aberto ao público com
uma programação onde dará especial atenção ao tema vida extraterrestre e a
essa equação.
Simplicidade
Ao se analisar pela primeira vez essa equação, percebe-se a
sua grande simplicidade. Não é necessário intimidade com as ciências
exatas para entendê-la. A equação de Frank Drake fornece o número de
civilizações em nossa galáxia que são inteligentes, desenvolveram
tecnologia e são assim capazes de emitir sinais detectáveis por nós, assim
como de detectar sinais que nós emitimos ("civilizações comunicantes").
Chegamos a esse número através da multiplicação simples de sete termos ou
parcelas. A equação de Frank Drake é simples, mas chegar a valores
razoáveis para cada uma dessas sete parcelas é extremamente difícil e
complicado.
A Equação
N = E x P x S x V x I x T x C; onde N é o número de
civilizações comunicantes em nossa galáxia; E é o número de estrelas que
se formam por ano na nossa galáxia; P é a fração, dentre as estrelas
formadas, que possui sistema planetário; S é o número de planetas com
condições de desenvolver vida por sistema planetário; V é a fração desses
planetas que de fato desenvolve vida; I é a fração, dentre os planetas que
desenvolvem vida, que chega a vida inteligente; T é a fração, dentre os
planetas que chegam a vida inteligente, que desenvolve tecnologia e C é a
duração média, em anos, de uma civilização inteligente.
Astronomia
Encontrar valores para E, P e S é tarefa da Astronomia. Com
base nas teorias atuais sobre formação de estrelas, não parece que estamos
sujeitos a grandes erros se considerarmos E = 10,P = 1 e S = 1. A
multiplicação dessas três parcelas nos permite dizer que, por ano, se
formam 10 planetas em nossa galáxia com condições de abrigar vida.
Biologia
Encontrar valores para V e I é tarefa da Biologia.
Principalmente pela falta de outra amostra para a observação da vida, que
não a Terra, temos grande incerteza na atribuição de valores para essas
duas parcelas. Vamos considerar que de dez planetas com possibilidades de
desenvolvimento de vida, essa só se desenvolva efetivamente em um deles
(V=0,1). Da mesma forma, vamos considerar que de dez planetas que
desenvolvam vida, um chegue a vida inteligente (I = 0,1).
Ciências Sociais
T e C estão na área político-sócio-econômica. A incerteza
na atribuição de valores para essas duas parcelas é imensa. Também aqui
vamos considerar que de dez planetas que alcancem vida inteligente, um
desenvolva tecnologia (T = 0,1). Por fim, qual a duração média de uma
civilização comunicante? A resposta a essa pergunta também envolve algum
conhecimento de Astronomia. (Note que essa pergunta está intimamente
ligada ao futuro da espécie humana. Há apenas cerca de 60 anos podemos nos
intitular "civilização comunicante" e a Terra ainda poderá existir por uns
4,5 bilhões de anos, tempo de existência que ainda resta ao sistema
solar.) Alguns mais pessimistas acreditam que já estamos prestes a nos
auto-destruir. Alguns mais otimistas acreditam que o único limite para a
nossa civilização é a destruição do sistema solar. Existe também a
possibilidade de destruição de nosso planeta em uma colisão com um cometa
ou meteoro. Mesmo sabendo que estamos sujeitos a um grande erro, vamos
considerar C = 10 milhões.
Visão Otimista
A atribuição dos valores para as parcelas acima foi feita
norteada pela ciência atual, porém, com visões bastante otimistas acerca
da vulgaridade da vida no universo, de tal forma que podemos falar que
estamos obtendo o número máximo possível de civilizações comunicantes em
nossa galáxia.
Após multiplicarmos as parcelas acima, chegamos a 1 milhão. Isso quer dizer que é possível que tenhamos 1 milhão de civilizações, só em nossa galáxia, que mais do que inteligentes, desenvolveram tecnologia e são capazes de se comunicar conosco.
Após multiplicarmos as parcelas acima, chegamos a 1 milhão. Isso quer dizer que é possível que tenhamos 1 milhão de civilizações, só em nossa galáxia, que mais do que inteligentes, desenvolveram tecnologia e são capazes de se comunicar conosco.
O INSTITUTO SETI
A palavra "SETI" é formada pelas iniciais de "Search for
Extra Terrestrial Inteligence" (Em busca de inteligência extraterrestre).
O objetivo do Instituto Seti, com sede nos Estados Unidos, é a pesquisa e
o desenvolvimento de projetos educacionais relacionados ao estudo da vida
no universo. O projeto é mantido pela Nasa, União Astronômica
Internacional e várias instituições públicas e privadas.
A pergunta principal que se pretende responder através
desse instituto - "Estamos sozinhos no universo?" - vem acompanhada de
outras do tipo: Como o desenvolvimento biológico em nosso planeta se
enquadra no cenário global do desenvolvimento no universo? Inteligência é
um evento raro ou comum no universo? Civilizações tecnológicas duram
longos períodos ou se auto-destroem ou simplesmente desaparecem em alguns
séculos, quem sabe vítimas de alguma catástrofe?
Para responder a essas perguntas, o Instituto Seti realiza
pesquisa em diversas áreas do conhecimento - Astronomia, Ciências da
Terra, Evolução Química, Origem da Vida, Evolução Biológica, Evolução
Cultural.
O Projeto Fênix
O principal projeto do Instituto Seti é o Fênix (pássaro
mitológico do Egito antigo que renasce das cinzas), que se dedica à
detecção e análise de ondas de rádio (na faixa de 1.000 a 3.000 MHz)
vindas do espaço, procurando identificar algum sinal produzido
artificialmente (por algum ser inteligente). Para isso, o projeto Fênix
gasta entre quatro e cinco milhões de dólares anualmente e utiliza os
maiores radiotelescópios do mundo. Os alvos são estrelas dentro de uma
vizinhança relativamente grande do Sol. Todas as estrelas observadas até
hoje estão a uma distância inferior a 200 anos-luz do Sol (um ano-luz é a
distância que a luz percorre em um ano e equivale a 9,5 trilhões de Km).
O QUE SÃO RADIOTELESCÓPIOS
Os radiotelescópios são grandes antenas capazes de detectar
ondas eletromagnéticas com freqüência de vibração na faixa conhecida por
rádio (como as ondas para transmissão de rádio e televisão e também por
radares militares).
Entre as estrelas há muita poeira e muito gás. Qualquer
sinal (onda eletromagnética) emitido por uma estrela vai sendo absorvido à
medida que avança por esse meio interestelar. A taxa de absorção das ondas
eletromagnéticas no meio interestelar varia com a freqüência da onda.
Ondas eletromagnéticas na faixa rádio são pouco absorvidas, o que faz com
que elas possam ser detectadas a grandes distâncias do ponto emissor.
No projeto Fênix, são detectadas ondas de rádio na faixa de
1.000 a 3.000 MHz (microondas). Se uma civilização está emitindo alguma
radiação com o intuito de ser detectada por outra civilização inteligente,
é possível que emita esse sinal próximo à freqüência de 1.420 Hz, que
corresponde à freqüência de uma radiação natural do hidrogênio
interestelar, que existe em grande quantidade por todo o universo.
Qualquer civilização inteligente deve saber disso e ter aparelhos capazes
de fazer medidas nessa faixa do espectro.
Existem algumas características que permitem saber se uma
onda eletromagnética foi produzida por algum processo natural ou por
alguma inteligência, além de sinais codificados em um ritmo, por exemplo,
que seriam de fácil evidência. Uma delas é a "largura espectral" de
linhas, isto é, se estivéssemos captando um som em um rádio, por exemplo,
tanto maior seria a largura espectral de uma linha quanto mais se girasse
o botão de sintonia do rádio, continuando a captar aquele som.
Sinais naturais têm grande largura espectral; sinais
artificiais podem ser produzidos com baixas larguras espectrais. O projeto
Fênix procura identificar sinais com largura espectral inferior a 300 Hz.
Rádio Telescópio de Arecibo (Porto Rico) - O maior do mundo
ENVIAMOS NOSSOS SINAIS ?
De uma maneira não intencional, o homem tem emitido
continuamente, há mais de 50 anos, sinais capazes de ser detectados fora
do sistema solar, tais como ondas eletromagnéticas produzidas por
transmissões de alta freqüência de rádio, televisão e radares.
Calcula-se que as nossas primeiras transmissões de
televisão já devem ter alcançado mais de 100 estrelas. Uma civilização
inteligente que detectar esses sinais, mesmo não decodificando-os, será
capaz de obter muitas informações sobre nosso planeta e a humanidade,
como períodos de revoluções e distribuição do homem sobre a superfície
da Terra. Os cientistas em geral não têm muito interesse em enviar
sinais codificados para o espaço, esperando retorno, devido ao grande
tempo que demorariam para receber tal retorno. A resposta a um ""Oi""
que déssemos para uma estrela que se encontra a 100 anos-luz de nós (um
ano luz é a distância que a luz percorre em um ano, equivalente a 9,5
trilhões de quilômetros) demoraria 200 anos, por exemplo, para chegar.
Têm sido enviados pouquíssimos sinais codificados para o
espaço, sem obedecer a nenhum programa ou estratégia; de uma maneira
quase simbólica. Em 1974, foi transmitida uma mensagem do Observatório
de Arecibo, em Porto Rico. Essa mensagem é uma codificação simples de
uma figura descrevendo o sistema solar, os componentes importantes para
a vida, a estrutura do DNA e a forma humana. Essa mensagem foi
transmitida na direção do aglomerado globular de estrelas M13, que se
encontra a 25.000 anos-luz da Terra.
POR QUE NÃO MANDAMOS UMA NAVE ?
Não há possibilidade de mandar uma nave explorar planetas
em torno de outras estrelas que não o Sol, pois tais estrelas estão muito
distantes. "Próxima Centauro", por exemplo, a mais perto de nós, está a
4,2 anos-luz. (Um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano e
equivale a 9,5 trilhões de Km). Com muito otimismo, uma nave, viajando a
velocidades compatíveis com a tecnologia atual, gastaria cerca de 60 mil
anos para chegar à ela. Isso sem falar nos altos custos necessários ao
desenvolvimento de tal projeto.
Túneis no Espaço e Viagens no Tempo
Túneis no espaço e viagens no tempo povoam o imaginário
popular há anos. Com o advento da Teoria Geral da Relatividade, de
Einstein, mostrando ao homem a relatividade da matéria, do tempo e do
espaço, a ficção científica passou a explorar intensamente essas
possibilidades.
Recentemente, em encontro no Rio de Janeiro, cientistas de
todo o mundo concordaram com a possibilidade de viagens no tempo. Caso
túneis no espaço e viagens no tempo sejam viáveis, seria,então, possível
vencermos distâncias interestelares em intervalos de tempo compatíveis com
o nosso sistema biológico?
VIAGENS NO TEMPO NÃO SÃO IMPOSSÍVEIS
Prof. Mário
Novello - CNPq / CBPF
Recentemente, cientistas de várias nacionalidades reunidos
em Mangaratiba, Rio de Janeiro, para a IX Conferência Internacional de
Cosmologia e Gravitação, examinaram intensamente uma novidade fantástica:
a de que viagens ao passado não são proibidas por nenhuma lei da Física.
Se aceitarmos a consideração de que na natureza tudo o que não é proibido
de acontecer realmente acontece, segue que estamos em face de uma situação
extremamente excitante.
Estas conclusões foram obtidas por cientistas de diferentes
centros de pesquisa de Moscou, Copenhagen, Califórnia e do Rio de Janeiro.
É bem verdade que ao mesmo tempo que conseguimos mostrar esta espantosa
novidade chegou-se igualmente ao conhecimento do motivo de natureza
prática que nos impede de construir um aparato que funcionaria como um
verdadeira máquina do tempo. Embora as razões disso sejam por demais
técnicas para serem aqui apresentadas, podemos sintetizá-las em uma só
sentença. O campo gravitacional nas vizinhanças de nossa Terra é muito
fraco. Somente em regiões bem afastadas de nosso sistema solar,
eventualmente em outros sistemas estelares, as condições necessárias para
permitir aquela estranha viagem ao passado poderiam ocorrer.
Não deixa de ser intrigante reconhecer as razões que
levaram os cientistas a essas pesquisas. Em 1949, um matemático austríaco,
K. Godel, examinando a Teoria da Relatividade Geral, de Einstein, mostrou
que um tal caminho ao passado seria possível. Esse estudo de Godel foi
deixado de lado durante mais de quarenta anos até que outros cientistas
redescobriram esses resultados e começaram a estudá-los com as ferramentas
modernas de nosso conhecimento da Física. As novidades alcançadas foram
pouco a pouco vencendo as barreiras e os preconceitos no interior da
própria comunidade científica e o estudo dessa questão passou a ser
considerado como convencional.
Entre os diferentes resultados novos obtidos, um talvez
fosse interessante de chamar a atenção aqui. Trata-se de um antigo e
famoso paradoxo envolvendo a possibilidade de uma pessoa, ao voltar ao
passado, influenciá-lo e eventualmente alterá-lo. Por exemplo, se ao
voltar ao seu passado você impede o nascimento de seu avô, você estará
inviabilizando o seu próprio futuro nascimento. Assim aparece a
contradição: Como você não poderia ter nascido, então quem voltou ao
passado?
Essa questão, que tem tradicionalmente ocupado os
pensadores de diferentes épocas, adquiriu uma fascinante resposta
apresentada pela Física Moderna. Mas essa é uma questão que deixarei para
um outro lugar.
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