DEPOIMENTOS SOBRE EMISSORAS DE TV,S

 
REALIZAÇÃO
Depoimentos de pessoas que fazem a história da TV.
 
HOMERO SALLES - SEGUNDA PARTE
 
O NASCIMENTO DO SBT
"... como eu entrei quinze minutos antes... foi a primeira emissora de Televisão no mundo a entrar ilegal no país em cadeia nacional."
"A primeira emissora de Televisão no mundo que transmitiu o seu próprio nascimento."
"O Sílvio diz que nós somos como pilotos de avião, que se errar o avião cai."
 
 
Preparativos para a inauguração do SBT
Em julho de 1981 aconteceu o primeiro Miss Brasil que eu dirigi transmitido pela TVS do Rio e afiliadas. A produção estava na Vila Guilherme e eu fiz o Miss Brasil no Anhembi. Quando terminou o Sílvio falou: "Bom, eu vou te relocar, enquanto isso você vai para a Record." Só estava o Ademar Dutra com uma sala na Record. E eu fui para a Record, não tinha programa, eu estava mais ou menos sem rumo. O próximo Miss Brasil era no outro ano e aquilo para mim estava muito ruim porque não tinha o que fazer. Eu estava ganhando para ir até a Record, ler o jornal, almoçar, a tarde eu telefonava... eu estava num ócio. Tinha acabado de sair do agito do Miss Brasil... aí toca o telefone, era o Luciano Callegari me chamando na Vila Guilherme.
Eu fui até lá e o Luciano falou assim: "Olha, você tem cinqüenta mil", eu não sei exatamente que moeda era, se Cruzado ou Cruzeiro. "Você tem cinqüenta mil liberado com a Janete e tem uma passagem para Brasília. Você está indo para dirigir a transmissão da assinatura da outorga do canal que nós ganhamos". Eu falei: "Péra! Péra! Péra! Volta a fita e começa tudo de novo. O que eu vou ter que fazer?", ele: "Não, não, não! Não se preocupe. Nós já contratamos uma equipe de externa da TV Anhanguera de Goiânia. Você vai encontrar essa equipe de externa e só vai transmitir a outorga... eu não sei direito, vai para lá e se vira!", aquele jeito do Luciano. Eu falei: "Tá, legal! Eu vou, mas não sei direito". Ele falou: "O Sílvio mandou você ir, tó o dinheiro, tó a passagem, vai! Te vira...." Era o jeito que a gente trabalhava. Peguei a passagem, eu não sabia de nada e mais ninguém falou comigo. Eu estava nesse ostracismo lá na Record porque estava todo mundo voltado para a inauguração, dentro da Vila Guilherme, inclusive com aquela absorção do pessoal da Tupi... Eram muitos movimentos, muitos acordos, muitas conversas... E eu estava fora do bochicho. Lá na Record estava uma calmaria incrível. De repente, eu caí nessa panela borbulhante.
Peguei o avião e fui para Brasília. Quando cheguei lá, fiz contato no Hotel com o pessoal da TV Anhanguera. Fui conhecer o caminhão e a equipe. Um dos câmeras era o motorista do caminhão... o outro câmera era primo do câmera... os ‘iluminador’ era aparentado com alguém... não sei se era com o motorista ou com alguém... e o diretor de TV que ia cortar... "E aí, você tem bastante experiência?", eu querendo me apoiar nele... "Ah! Eu já cortei alguns futebóis na vida", futebóis... Eu falei: "Bem, isso daqui não é bem futebóis, vamos ver o que a gente faz". Aí me deu desespero! Meu Deus o que eu vou fazer?
Fui conversar com o pessoal que estava chegando do SBT e descobri que apenas tinham enviado equipes de externa (engs) para o jornalismo. Eram quatro engs, mas não tinham caminhões de externa, não tínhamos nada. Os jornalistas que íam cobrir o evento eram a Magdalena Bonfiglioli, o Humberto Mesquita, Almir Guimarães e Zildete Montiel... e eu com aquele caminhão com um link para São Paulo via Embratel. Na parte técnica, eu contava com três câmeras, LP (Linha Privada ou seja, uma linha telefônica com aparelho de comunicação substituindo o aparelho telefônico) para poder me comunicar com a Vila Guilherme, um microondas para a Embratel de Brasília e era tudo o que eu tinha. Eu não tinha VT, não tinha mesa de áudio... não tinha mais nada... ‘A coisa está complicando aqui’...
 
... um dia antes
O meu anjo da guarda que não me deixa na mão e é melhor do que eu, disse: "Por que você não vai perguntar o que vai acontecer durante a cerimônia?", eu falei: " Boa idéia, anjo da guarda!"
Peguei um táxi fui até o Ministério das Comunicações e procurei o chefe do cerimonial. Tomei uma das maiores surpresas da minha vida. Existia um roteiro pronto. Aquilo lá é extremamente organizado.
- O senhor poderia me dizer como vai ser feita amanhã a cerimônia da outorga? – falei
- Ah, claro! Vai acontecer isso aqui.
Na hora que eu olhei era o roteiro pronto do que ia acontecer...
- Olha o senhor me dá uma cópia, por favor?
- Você precisa de mais cópias?
- Maaais, maaais cópias.... Não vai acontecer nada fora disso?
- Se acontecer, eu sou demitido, porque eu sou o chefe do cerimonial.
- Como é ser chefe de cerimonial?
- Eu coordeno tudo, eu tenho os meus auxiliares que vão levar o Ministro no elevador a tal hora, depois vão levar o seu Sílvio... Eles primeiro vão ouvir o discurso de fulano...
- Quanto tempo tem... o senhor não vai saber?!
- Não senhor, eu já tenho o discurso dele.
- Você já tem o discurso dele?
- Tenho o discurso do ministro, eu tenho isto...aquilo...o seu Sílvio vai falar de improviso.
- Ah, claro! O senhor não acha que ele ia falar por escrito?
- O Sr. Bloch vai falar de improviso, mas eles tem o tempo que podem falar, cronometrado.
Nooossa! Eu queria abraçar o homem, dar um beijo... Fui para o Hotel e em cima daquilo elaborei um roteiro. Fiz uma cópia e fui passar um fax para São Paulo. São Paulo começou a telefonar para mim dizendo que entre eu e Spielberg, que não existia na época, não tinha diferença nenhuma, em meio dia eu já tinha um roteiro inteiro do que ia acontecer no dia seguinte. São Paulo ficou maravilhado e não acreditaram em nada. Pegaram aquilo e pensaram: "Poxa! O Homero chutou bem..." E ficou por isso mesmo. "Tá bom, se acontecer a metade do que ele disse, não vai dar confusão". E fui dormir tranqüilo!
 
Inauguração do SBT em 19 de Agosto de 1981, ao vivo
Chegou no outro dia, obviamente às seis horas da manhã a gente já estava lá montando tudo, testando microondas, fechando o enlace... e eu bati papo com São Paulo via LP conversando com Orlando Macrini que estava fazendo a coordenação técnica operacional de São Paulo. "E aí, Homero? Aqui está tudo bem", "Vamos para os testes técnicos, você recebeu o meu roteiro...", "É! Recebemos! Sabe lá se vai acontecer isso, né?". Eu disse: "Olha! O homem disse que vai... Inclusive eu já fiz criei a abertura aqui, vamos combinar: quando o Euclides entrar no elevador em tal andar, pára e entra o Sílvio, pára e entra o Bloch e saem os três... funcionando isso, eu estou com a abertura perfeita. Eu vou fechar nos números do elevador, vou colocar o repórter em off, o Mesquita: ‘Senhoras e senhores, estamos aguardando agora a descida do ministro... para dar início a cerimônia...’ de acordo com as palavras dele. E aí eu tenho 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, Térreo... e o cara diz: ‘Está no ar a mais nova emissora do Brasil, Sistema Brasileiro de Televisão – SBT...’ Genial, ok?" "Ok! Deixa comigo!".
Todos os testes foram feitos, todo mundo nervoso... os câmeras, devido ao posicionamento rígido que ia acontecer... Coloquei uma câmera central para me dar cabeças, platéia e a mesa por completo em Plano Geral. Posicionei a outra câmera na esquerda para me dar o púlpito aonde as pessoas iriam falar e a terceira no ombro, para poder me dar detalhes etc... Então você toma precauções para que não seja pego de calça curta e para que a produção corra direitinho. Pensei, quem pode me derrubar? O cara da câmera no geral não vai me derrubar porque a câmera dele está fixa no tripé. O outro cara do púlpito não vai me derrubar porque a dele está fixa e eu fiz uma cordinha de isolamento e ninguém vai poder entrar em sua frente. O cara da portátil vai me derrubar... Então vamos lidar com isso antes da transmissão. "Vamos lá, vamos fazer um ensaio? Ok! Todo mundo na posição. Vamos abrir as câmeras. Câmera 1, me deixa com o geral. Câmera 2, me dá o púlpito onde o pica-pau vai falar." Para mim, todo mundo que fala é pica-pau... para não falar nome...
- Câmera 3, vamos fazer uma simulação?
- É o seguinte, vai ter o ministro...
- Ah! Mas eu não conheço!
- Tá! Então simula para mim, à esquerda, o Luciano Callegari.
- Não! Mas eu não sei quem é...
- Tá bom, então o Flavinho Cavalcanti...
- Não, eu não conheço!
  Aí eu comecei a apertar: "Mas e fulano, você não conhece? E beltrano? Pelo amor de Deus, vai estar fulano, vai estar beltrano, vai estar o Mauro Salles, vai estar isso, vai estar aquilo..." Aquela câmera começou a pesar no ombro do cameraman, dali a cinco minutos a câmera iria pesar cinqüenta quilos em seu ombro. Aí eu peguei e falei; "Você está vendo um cara que está com uma eng aí do seu lado? O Barrica?", ele falou: ‘Tô, tô!’, eu falei: "Você não quer trocar de câmera com ele? Você faz a eng para o SBT e ele te faz essa portátil?", ‘Claro! Claro!’. A essa altura, o diretor que cortava os "futebóis", já o tinha empurrado para o lado e o fone de ouvido dele, já estava no meu ouvido. Aí o câmera colocou o headset (fone de comunicação): ‘Homero?’, "Ok! Barrica, já estamos em casa, vou te dar as coordenadas, você faz para mim?", ele falou: ‘É claro! Eu faço!"
Eu não me queimei com ninguém, porque se eu falasse para o cara, vou trocar o câmera, acabava a equipe. Mas como eu criei essa dificuldade para ele encontrar as pessoas certas... que era real! Na hora eu ia precisar dessa agilidade. Aquela câmera ficou pesada demais para ele. Foi perfeito, foi um plano que zerou. Aí eu tinha o cameraman que eu queria na câmera 3, que era o Barrica. Fiquei tranqüilo e agora era hora de falar com São Paulo:
- Oi Orlando, tudo bem?
- Tudo bem, Homero, está nervoso?
- Nããããooo! Calmíssimo, a mamãe vai bem?... Está tudo certinho? Só testando aqui! Já está quase na hora, né?
- É! Quase na hora!
- E aí, como é que está?
- Nooossa! Está lotado, está toda a diretoria aqui na técnica...
- Pára de falar que assim eu vou ficar mais nervoso...
- Aqui está cheio, está todo mundo...
- E o colorbars (barras de cor para ajuste)?
- Está em São Paulo, em tal lugar... Está tudo ok! Todas as cidades telefonando, imagem limpa, beleza, o colorbars só sai na tua contagem regressiva aí do elevador!
Estávamos com cobertura de meio Brasil em colorbars. E eu tinha pedido para o homem do cerimonial me dar um sinal se estava valendo o cronograma daquele roteiro.
- E aí, está tudo em cima? - eu falei
- Segundo por segundo!
- Ok, São Paulo, estamos no horário, vamos na regressiva, falta um minuto. O elevador parado no sétimo andar. A primeira imagem é quando sair do sétimo andar, ok, Orlando? Então, você vai cortar – ele já tinha o preview em São Paulo – no seis. Quando o elevador sair do sete, o ministro está dentro, porque o elevador está parado no sete, leva o Sílvio para o quatro, leva o Bloch para o três, mas o cara vai ser pego no seis, no cinco... Quando sair no seis, a imagem é tua. Ok?... Alô?! Alô?! Orlando?! Orlandoooooo?!"
Caiu a LP. Eu olho o elevador sai do sete... Dá para acreditar?
Aí eu não sei até hoje quem ligou para quem... Se fui eu ligando para ele ou ele ligando para mim... era aquele telefone de disco, de dar dois números para entrar...
- "Aaaaaahhhhh!!! Está valendo! Está valendo!" – gritei.
Colocou no ar quando estava no cinco, aí parou... o locutor em off: "Quatro, três, dois, um... Está no ar a mais nova rede..." Abre a porta do elevador, sai o ministro, o Sílvio e o Bloch.  
Mas ninguém sabe até hoje, quem ligou para quem... A LP caiu exatamente na hora...
Devia ter umas cinco pessoas no caminhão. Quando caiu a LP, ficou eu e ele. Sumiram todos os outros do caminhão... Quem cortava era eu. O cara estava sentado no canto, branco.... que nem uma vara... por causa dos meus berros na LP. Aí aconteceu exatamente como o protocolo. Eu com o Barrica dando um show. E eu: "Vai para trás do homem porque ele vai assinar. Deixa ele assinar mas não fecha!". Porque o nome não é Sílvio Santos. Naquela época ninguém falava Senor Abravanel. Demos um baile. Correu tudo bem... Tudo marcadinho...
Acabou, todo mundo se abraçando e eu: "E agora São Paulo?", ‘Agora é o seguinte: nós vamos cortar para as engs (equipe portátil de reportagem), vamos encher lingüiça até o almoço na Casa da Manchete que vai ser ao vivo’. Entrou uma sucessão de reportagens que foram feitas no dia anterior, durante a noite... o tempo necessário para eu montar tudo. Peguei a unidade de externa, fomos até a Casa da Manchete, muito bonita, e as pessoas foram trocar de roupa, tomar banho, se refrescar para ir para lá. Colocamos o caminhão onde já estava determinado, na véspera, coloquei as câmeras onde ia ter o almoço porque nós íamos dar suportes para os repórteres... Aí já estava tranqüilo. O principal era a primeira imagem e eu já tinha colocado no ar Eu estava tranqüilo!
 
Almoço de comemoração na Casa da Manchete
Eu estou lá ajeitando as coisas e vejo um senhor com dois dogs, os dogs mais lindos que eu vi na minha vida. Cada um deles do tamanho de um bezerro, um metro e meio de cachorro... Eu comecei a admirar e o senhor era o Bloch. Ele falou: ‘Pode vir!’ eu falei: "O senhor está brincando! Vamos combinar que eu não vou?", ‘Não, pode vir que estão comigo!’. Me aproximei dele e ficamos aproximadamente meia hora conversando. Ele especulava tudo. Queria saber o quanto eu ganhava, o que um diretor ganha, o que um produtor ganha. Ele tinha que montar a emissora dele. Então ele ficou fazendo uma série de perguntas sobre Televisão. De repente, chegaram duas pessoas da equipe dele no gramado, um gramado grande na frente da Casa da Manchete. Eram o Rômulo Furtado e o Flávio Cavalcanti Jr. com uma papelada na mão. Daí eu falei: "Então o senhor me dá licença...", ele falou: ‘Não, fica aqui! Fica aqui!’. Vai que o homem queria falar da outra... Pô! Somos concorrentes... Eu quis levantar por educação, mas ele mandou eu ficar sentadinho ali. Os dois chegaram com uma papelada na mão, não sei se foi o Flavinho ou o Rômulo que falou: ‘Doutor Bloch, isso daqui são os papéis da outorga e vamos levar para o registro e queria comunicar o senhor que isso vai ficar por doze mil cruzeiros"... cruzados... enfim! O Bloch colocou a mão no meu joelho e disse: ‘Menino, você vai ver uma coisa histórica agora. Eu não sou dono de uma Televisão nem há uma hora e já querem me tomar doze mil... cruzeiros. Na hora que eu tiver que tirar um tostão da minha revista para enfiar nessa Televisão, eu fecharei a Televisão. Você é a minha testemunha, menino'. E bateu no meu joelho.
 
Sílvio Santos
Eles foram embora e eu montei tudo. Começaram a chegar todos os convidados. E até aí eu não tinha almoçado, né? E começando a conversar com o pessoal da TV Anhanguera. O pessoal ficava perguntando como era o Sílvio e eu falei: "Como patrão, você está brincando, né?! Se você errar, piscar, o cara te manda embora. É um cara extremamente rigoroso, você tem que fazer tudo direitinho. O Sílvio diz que nós somos como pilotos de avião, que se errar o avião cai... Então você não pode errar...", ‘Ah, então ele é bravo?’, "É! É muito bravo!".
Eu morria de medo do Sílvio. Naquela época eu chegava na frente do Sílvio e a minha perna tremia e a minha voz gaguejava para falar com ele... Eu devo ter levado mais ou menos uns dez anos para superar isso. Nos primeiros dez anos eu entrava em colapso... Mas não sou só eu... Eu já vi acontecer com deputados, senadores... Ele é uma figura extremamente carismática... Na frente do Sílvio, não dava para não tremer...
Começa a transmissão e eu sentadinho num três tabelas ao lado do tripé de uma das câmeras, e o Sílvio vira com aquela voz que Deus lhe deu: ‘Mamamamas, Homero?! Você já almoçou, Homero? Aposto que não! Se quiser, reúna-se a nós aqui na mesa. Venha almoçar comigo...’ e eu: "Muito obrigado, seu Sílvio. Eu já almocei!". Depois os câmeras: ‘Pô! Mas você é mentiroso, hein?! O cara é maior boa praça e você fica falando isso dele!’... e foi assim a primeira transmissão.
 
Momento histórico
Aí começaram a circular duas histórias interessantes.
A primeira história é que eu tinha entrado ilegal no ar por quinze minutos. Era o único cara que perante a nação inteira, assumidamente, era um pirata do ar porque a TV só nasceu efetivamente na caneta do ministro. E como eu entrei quinze minutos antes... foi a primeira emissora de Televisão no mundo a entrar ilegal no país em cadeia nacional. O Figueiredo reuniu todo o ministério no Esplanada para assistir a transmissão.
E a segunda história é que foi realmente a primeira emissora de Televisão no mundo que transmitiu o seu próprio nascimento.
 
... dia seguinte da inauguração
No dia seguinte a emissora já estava pronta e eu voltei para dirigir o jornal das seis horas da manhã. O Gugu colocava a cara num buraco para dar o horóscopo junto com a Zora Ionara. Tinha um buraco na tapadeira, que era do horóscopo, o Gugu colocava a cara e eu recortava. Efeito digital, só sonho, era efeito Eucatéx mesmo. O Gugu colocava a cara e eu botava um wipe que era o máximo que a mesa tinha. E ele dizia: "E quem é nascido em Câncer, Zora Ionara?" Eu trocava o wipe (efeito de imagem feito pela mesa de corte) e ela: "Quem é nascido em Câncer vai ter um dia muito atribulado...", "E os nascidos em Sagitário, Zora Ionara?", "Bem, os de Sagitário..." Esse era o jornal da manhã. A gente fazia o horóscopo, eu e o Celso Lui éramos horoscopistas... (risos)
O Sílvio comprou uma série de filmes Proteja a Sua Saúde e ensinava às pessoas os primeiros socorros.
Os apresentadores eram o Antônio Casale e o outro que é muito amigo meu, o Felisberto Pinto.
Assim era o jornal das seis horas da manhã que abria a programação. Eu era um molecão. Às vezes eu saía da balada e ia direto para montar o jornal. Teve um dia que eu escorreguei debaixo do switcher porque a farra tinha sido boa na noite anterior. Quem cortava era o Liminha da TV Tupi... Havia muitas curiosidades nesse jornal, mas não era um jornal com atualidades... as atualidades eram aquelas que a gente conseguia dependendo de onde eu estava. Às vezes eu estava numa boate na Augusta, já passava pelo Estadão e pegava o jornal... Levávamos o jornal, às cinco horas da madrugada. Imagina, você ia fazer um jornal às seis, tinha que estar lá às quatro. Eu era um garotão, um molecão... o meu cabelo vinha no ombro... meu negócio era boate... eu passava, pegava os jornais que eu podia e todo mundo chegando, se espreguiçando e a gente começava a redigir para botar no ar o jornal das seis horas da manhã. Tudo na Vila Guilherme. Esse foi o início do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão).
 
Respostas rápidas
Nome: Homero com H e Salles com dois eles e o Jr. esquece. Fico só como Homero Salles.
Data de Nascimento: 06 de Janeiro de 1952.
Televisão: Me custou quatro casamentos... a gente trabalhava muito naquela época, se dedicava ou à televisão ou à família.
Filhos: Eu fui ter filhos recente, um menino de cinco anos e um de onze meses, vai fazer um aninho em 26 de agosto.
Alegrias: Estou tendo todas as alegrias de curtir casa, filhos e tudo mais, de um tempo para cá.
Trabalho: O trabalho, naquela época, não tinha os recursos de agora. Para você montar uma televisão é muito mais fácil de conseguir. Naquele tempo tudo era, infelizmente, sofrido.
 
 
© MAGIA Comunicações
1998 - 2002

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